Sunday, November 22, 2009

Especial : The Fame Monster - Lady GaGa

Lady GaGa voltou, só que dessa vez com o lado negro da fama – The Fame Monster. O álbum, apesar de ter todo um conceito próprio, é, ainda assim, um complemento teórico de seu antecessor The Fame (e daí vem a semelhança quase estúpida dos nomes) : o álbum de Poker Face e Just Dance tem como temas principais os supostos lados “benéficos” da fama, como o advento da fortuna, a vida nas festas e a própria celebridade, ilustradas de dentro pra fora pelas canções Money Honey, Just Dance, The Fame e Paparazzi, entre outras (obs : a moda é tema de todas as canções, mesmo que em segundo plano). Já Fame Monster lida com o que GaGa chamou numa conferência de imprensa de “medo de monstros” : monstro do sexo, do álcool, da solidão, do amor e etc. E junto com a mudança de tema, vem a mudança de aparência; é no mínimo insensato chamar sua moda de “linear”, mas enquanto promovia uma determinada linha de canções, com ideologias parecidas, ela mantinha um tipo de aparência. Pode-se constatar esse fato sutil colocando a fase Beautiful, Dirty, Rich/Just Dance (transição) em contraste com a Poker Face/LoveGame. E com o advento de um novo álbum, o contraste torna-se ainda mais gritante. Lady deixa um pouco de lado vestimentas glamourosas e “escandaluxo” e começa a mostrar uma moda mais dark, gótica – ou no mínimo mais bizarra.

Beautiful, Dirty Rich : algo mais clubber, até mais recatado (GaGa usava calças nessa fase!)

Poker Face : upgrade mais glamouroso, chegando a ser meio Drag…

Poker Face e Alejandro : separados por um porre?

Bad Romance

Romance é o 1° single do álbum. A faixa  já faz muito sucesso em todo o mundo, estando atualmente colocado na 11ª posição da Billboard Hot 100. É uma faixa de Dance Pop, uptempo por natureza, que em muito lembra Poker Face; seja pelo arranjo, seja pela estrutura da letra (refrão, brigdes, MoMoMoMa’s e  GaGa Ohh La-La’s). Tende-se a achá-la repetitiva no início, mas ouvido-a por mais 3 vezes, torna-se o mais novo hit de GaGa. Segundo declarações da cantora e o próprio tema da canção, esta faixa seria relacionada ao “monstro do amor” e apresenta duas visões que, à primeira vista, deveriam ser tratadas em trabalhos diferentes : exploração dos prazeres de um “romance ruim” e o amor livre de barreiras por seu melhor amigo. Amor esse tão grande que quer explorar até os aspectos mais aterrorizantes e grotescos da vida do ser amado. É o que ela diz em versos como :

I want your ugly

I want your disease

I want your everything

As long as it’s free

I want your love

Love, love, love I want your love

Enquanto a letra parece retratar o lado romântico com mais atenção, o clipe tende a mostrar o lado efêmero de uma aventura amorosa; mas de qualquer maneira, em se tratando de GaGa, as possibilidades são muitas.

Alejandro

Alejandro ainda é aceitável para as pistas, quem sabe com um remix – mas já tem um foco mais melancólico. A partir daqui, as semelhanças com The Fame decrescem progressivamente (com grande excessão de Telephone). A canção parece tratar de um amante/namorado possivelmente ciumento, agressivo ou injusto – ou até mesmo os três juntos – e diante desse drama, a pessoa no outro extremo da relação tem que tomar uma decisão.  Sua letra chega a tornar-se mais interessante que a melodia – talvez com um clipe interessante, venha a tornar-se single.

Monster

Talvez a canção mais simbólica do álbum, é uma das mais chocantes também. Parte do bridge :



We might’ve fucked not really sure, don’t quite recall



Bom, já que ela acha que transou com o rapaz mas não lembra, podemos supôr que esse seja o/um dos “monstro do álcool” ou do “amor” mesmo. Uptempo novamente, reconhecemos no fundo o auto-tune de Space Cowboy, um DJ que acompanhou GaGa em sua Fame Ball Tour, que volta como produtor dessa faixa e de Dance In The Dark. Monster encontra-se na situação da canção anterior; o ponto forte do trabalho é a letra, não necessariamente a melodia. Essa faixa parece tratar de uma atração irresistível por um Bad Boy, do qual GaGa tenta resgatar alguma lembrança. A coisa toma rumos gaguísticos, e, quando ela se dá por si, há um “monstro” em sua cama. De frente à essa situação, ela se pergunta se pode confiar/amar um “lobo disfarçado” muito sedutor.

 

Speechless

 

A canção é uma “exceção” no contexto do álbum; o arranjo é baseado no piano e uma guitarrinha básica – o que já destoa incrivelmente do ritmo frenético das faixas anteriores. Talvez tenhamos achado o “monstro da solidão” de GaGa  : um suposto amante ou qualquer pessoa querida da cantora encontra-se num estado de desistência total, o que a deixa sem palavras. Com o correr da letra, ela parece perguntar ao indivíduo se sua abdicação poderia salvá-lo.

 

Dance In The Dark



O Dance Pop volta com tudo nessa faixa, mas nos lembra aquelas musiquinhas de máquinas de Pump, à la Cascade – a diferença é que a canção não chega a ser tosca.  Não a vejo com um potencial à single tão grande assim, mas quem sabe. A letra parece tratar de garotas que tem seus desejos inibidos e qualidades menosprezadas por namorados ou homens em geral; aí a dança no escuro, onde ninguém as vê. Pode tratar-se do “monstro da solidão” também; vamos ter que esperar um feedbackzinho básico maior sobre o álbum.

 

Telephone

 

Agora sim : se pudesse apostar em alguma música desse CD depois de Bad Romance, com certeza seria Telephone. E pelo que parece, os produtores também; a canção conta com colaboração de seis pessoas, entre produtores e cantores – incluindo Beyoncé. A faixa parece ser a versão GaGa da música Video Phone, à qual a cantora prestou serviços. Bem toscos, diga-se de passagem. A diferença entre elas é que a sua versão ficou 40 milhões de vezes melhor do que a de Bey, apesar de a letra ficar no campo das boates mesmo – esta fala de alguma pessoa bem chata que insiste em ligar enquanto GaGa e sua trupe estão batendo cabelo loucamente numa pista de dança qualquer.

So Happy I Could Die

Novamente com Space Cowboy, So Happy I Could Die continua com o clima de buatshy e parece explorar novamente os monstros do sexo e álcool :

I love that lavender blonde

The way she moves

The way she walks

I touch myself can’t get enough

Parte do refrão :

Happy in the club with a bottle of red wine

Stars in our eyes ‘cuz we’re having a good time

Mesmo com todos os recursos empregados, a faixa tem um clima de êxtase misturado com melancolia, como se a cantora estivesse totalmente bêbada – portanto, “nas nuvens” (eu espero, pelo menos) – mas com a sensação de decadência de quem capota no meio da pista pela tontura (quem já não fez isso? haha).

Teeth

Parece que GaGa se encontrou com um Apache pra compor o arranjo da música. Nessa faixa, o produtor deixa o botão “balada” do sintetizador descansar um pouco; mas de qualquer maneira, a canção é uptempo e é a mais divertida do álbum, no sentido inocente da palavra. Já a letra revela que a faixa é tudo menos pura :

Don’t be scared

I’ve done this before

Show me your teeth

Don’t want no money (want your money)

That shit’s is ugly

Just want your sex (want your sex)

Basicamente é sobre uma GaGa sedenta por, provavelmente, uma noite de sexo (jura?). Palavras como “amor” e “religião”, que encontramos na letra, não devem ser interpretadas literalmente, dada a efemeridade aparente da situação. Não tem muita cara de single, pois é muito brincalhona – não leva muito o rótulo “vamos dançar” – mas quem sabe qual será seu destino…

Concluindo, as 8 faixas tendem a ir para um lado mais selvagem, cru, ignorante da “fama” (mais pra “vida” do que “fama”), mas não perdem em qualidade por isso. Novamente, a liberdade das letras e os aspectos visuais dos trabalhos de GaGa chamarão mais a atenção e trarão mais novidades do que os arranjos musicais em si. Talvez nos seja necessário certo tempo para a adaptação à nova fase – O lançamento de The Fame tem pouco mais de um ano – porém, ao meu ver, um dos anos mais importantes para a música pop e a mainstream em geral. Um ano de transformações velozes, só para os que podem (e os que não podem, viram sub-artistas reciclados, como Jennifer Lopez em seu último single), que se concretiza como uma forma de arte atualizada – algo como o Pop 2.0. Não se pode decidir hoje se o caráter dos acontecimentos é bom ou ruim (e também não é tão simples assim), mas se nos basearmos no fato que a evolução só vem com a mudança, possivelmente estamos indo longe com essa artista.

Letícia

[Via http://letishascorner.wordpress.com]

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